Imagine trabalhar num ambiente com 32 mulheres. Somos muitas em nosso local de trabalho. Daí que fica previsível e fácil imaginar o que se passa em nossas salas de Taquigrafia, acrescido do estresse e da rapidez que acompanham o ofício em si. Bom, de início pode parecer difícil, complicado, qualquer coisa que soe desafinado. E é. Muitas vezes é. Mas, olha só, vê se não tenho razão: onde teríamos oportunidade melhor para nos perceber, de perto, cara a cara, descobrindo, cada uma por si, o que nos falta e o que nos sobra? Ou seja, temos sorte!
Antes que esqueça, há homens por lá também. A minoria, mas estão ali pertinho. Logicamente convivem e nos dão boas lições. Vamos lá, nós - tão parecidas na busca pela beleza, na colocação de ideias, nas certezas e incompreensões - buscamos quase sempre as mesmas coisas. Buscamos o bem-estar e a satisfação profissional. Todos os dias aprendemos com nossos próprios erros e vamos vibrando com os acertos. E aí quanto mais nos perdoamos e nos aceitamos, ficamos completas no nosso papel de si mesmas, assim como somos: imperfeitas. Quero dizer, é uma regência diária descobrir que a convivência pode ser amena e divertida se fazemos as pazes conosco mesmas. Porque é muito, mas muito bom mesmo conseguir dar ao outro o melhor de si mesmo.
Fico imaginando a vida sem tantas mulheres por perto. Acho que não teria muita graça, não. Como seria trabalhar num lugar onde não pudesse perceber tantos sentimentos e comportamentos semelhantes? Acho que não estaria tão nua. Assim, acho que poderia ainda me sentir protegida por um corte de cabelo, uma maquiagem, uma roupa nova. Hoje sei que a beleza é interior, que a simplicidade é a mais pura elegância e que os valores mais nobres fluem do coração de cada uma de nós. Guimarães Rosa diz assim: "Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando."