Quando li De Profundis de Oscar Wilde, fiquei identificada com a forma simples, verdadeira e profunda como encarava aqueles anos na prisão. “Não há um só ato que avilte o corpo que eu não deva tentar transformar numa forma de espiritualização da alma.” Ele tem razão. Não tenho a menor dúvida que é assim que deva ser.
Na próxima quarta-feira, 21 de abril, completam 34 anos que perdi minha mãe. Eu tinha 12 anos. Nada fácil crescer, casar, ter filhos, ver os filhos crescendo sem ter ela por perto. Sofrimento para a vida toda, para todo Natal e Reveillon. Leviano seria dizer que viver respirando a falta de alguém não tenha tido importância. Tem as recordações com lágrimas e aquelas cheias de riso. Mas o tempo trouxe a aceitação pacífica no coração de que era assim que tinha que ser.
Naquele dia, feriado, uma quarta-feira totalmente ensolarada, da janela do hospital onde tudo aconteceu, vi uma praia cheia de crianças brincando, pescadores jogando suas varinhas e meninos soltando pipas. E percebi ali que a vida continuava. Tudo estava em seu lugar lá fora. Apesar da minha desordem interna. A cena externa voltou ao longo dos anos sempre que se fez inverno em meu coração. E a intensidade da compreensão me levou a Dante: “O sofrimento nos aproxima de Deus.”
Ainda assim é preciso ser feliz. Buscar alegrias e compartilhá-las com o marido, os filhos, os amigos. E fica claro que depois do sofrimento, a alegria é arco-íris.
Só posso concluir de novo com Wilde: “Agora acredito que a única explicação possível para a extraordinária quantidade de sofrimento que existe no mundo é o amor, seja ele de que espécie for.”
Chris,
ResponderExcluirCostumo dizer que só depois de um tempo a gente compreende a dimensão da dor, e ainda consegue sair ampliada, acrescida de alguma forma...
meu carinho a você...
O que dizem por aí é que a dor é inevitável.
ResponderExcluirMas a vida segue. E vc tem percorrido o caminho de uma forma admirável.
Prova é a Jujuba! Adoro ela!
E amei o blog!
Bjs
34 anos...hoje é quarta-feira, também!Independente do dia nossa saudade é a mesma.
ResponderExcluir"Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição
Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado, eu sorria
E, nas horas difíceis
Podia apertar sua mão"
Chris,
ResponderExcluirVivi aquele momento muito próxima a vocês. Tenho lembranças tão claras daquela época: a sua mãe no hospital, a casa da sua avó no Campo Grande e da minha mãe (que se foi há 4 anos em 2 de abril) me dando o suporte para que eu pudesse estar junto... nós éramos tão novas...
Linda a sua expressão escrita! E Oscar Wilde e Dante sabem tudo!
Que bom poder reencontrá-la!
Bjs
O que dizer, Chris... Suspirar, com muitas lágrimas caindo, feliz por poder fazer parte da vida de um ser humano com a alma tão perfumada como você, mas com uma dor no peito pq mesmo sabendo ser para o nosso bem, crescimento epiritual e etc. algumas horas acho q vida muito sofrida e "injusta". Desculpa minha "fraqueza" Te amo. Bj
ResponderExcluirQue lindo Anne! Lindo e verdadeiro, Jesus sofreu tanto e nos deixou o exemplo que muitas vezes vamos carregar a nossa Cruz sem entender, apenas nos inspirando de que há algo a aprender, a viver.
ResponderExcluirObrigada por alimentar nossa alma com suas historias e inspirações.
Um grande beijo.
Ari.