É comum em países da Ásia, especialmente no Japão, a realização da Cerimônia do Chá. Contam que houve uma época em que esses povos brigavam muito, disputavam o poder, tinham perdido os valores deixados por Lao Tsé. E em busca de um diálogo mais ameno, o que eles chamam do caminho do Tao, do equilíbrio, foram organizados esses encontros. Dizem que são eventos muito simples, embora existam também os mais formais, e que o chá está intimamente ligado aos princípios do taoísmo e do budismo.
Aqueles que convivem comigo sabem da importância que dedico a tomar chá em determinados momentos do dia. Gosto de dar aquela paradinha para apreciar a bebida quente com sabor delicado. Não consigo explicar a forma como preenche meu interior, deixando uma sensação pacífica de colocar ordem nas emoções. Parece que naquele instante podemos sentir o coração pulsar tranquilamente. É algo parecido com o que sentimos quando apreciamos uma música, uma tela ou o som de uma cachoeira. Os samurais devotavam tanto respeito a essa cerimônia que baixavam suas armas para desfrutar dessas salas de chá.
Nem sempre é possível dar uma paradinha nos afazeres diários. Mas sempre encontro um jeitinho. Em geral fico sem acompanhantes para esses momentos. Daqui do Brasil não cultivamos o hábito. Minhas melhores recordações vêm da ilha de Itaparica. Férias. Casa grande, avarandada, quintal com árvore frondosa, sombra boa, brisa do mar, amigos gaúchos, admiradores de chimarrão, por conseguinte também de chá. Apreciamos ali vários momentos em volta do chá. Uma celebração ao encontro, à palavra, ao silêncio, à paz.